Nessa tarde, fingi-me de doente para não ir trabalhar e, com Almeida, fui para o Mosteiro de Tibães.
Quando lá chegámos, já nos esperava um aparato da Organização. Todos os portões que davam acesso aos campos nas traseiras do mosteiro estavam abertas e guardadas, e um corredor havia sido criado onde nem trabalhadores do local nem turistas podiam passar.
Dirigimo-nos directamente para o lago cujas águas eu vi as Bruxas da Noite afastarem para dar passagem ao seu exército. Agora, não havia sinal de nada. Parecia um lago normal, cuja água era fornecida por uma fonte no extremo sul.
Pouco depois, um enorme camião cisterna chegou à entrada do carreiro que levava até ao lago. Dois homens entenderam uma mangueira dele até à água, e um terceiro, então, ligou uma bomba.
– Drenar o lago ainda vai demorar. Mostre-me onde viu as criaturas passar – disse Almeida.
Levei-o até ao local na floresta circundante onde me tinha escondido a ver as Bruxas da Noite, semanas antes. Não precisámos de chegar lá para ver sinais da passagem do exército. Árvores tombadas, ramos partidos, vegetação pisada.
Quando voltamos para junto do lago, Almeida deu ordem aos seus homens para fazerem desaparecer os indícios.
A água já havia sido toda drenada e o lago não passava, agora, de um enorme buraco enlameado no chão. Porém, via-se, agora, um túnel escavado abaixo da margem sul.
Com a ajuda de cordas, eu, Almeida e alguns dos seus homens descemos até ao leito do lago. As nossas botas enterraram-se na lama, mas conseguimos avançar e entrar no túnel. À luz das lanternas, este parece terminar a pouco mais de cem metros da entrada.