As Bruxas da Noite Contra-atacam – parte 2

Quase de imediato, as Bruxas da Noite começaram a lançar-nos orbes flamejantes. Almeida e seus homens responderam disparando as armas, mas as balas pareciam dissolver-se antes de tocar os corpos das criaturas.

Quatro soldados estavam mortos e mais um gravemente queimado quando Almeida deu finalmente a ordem de retirada. Um dos soldados largou uma granada de fumo (adição recente ao arsenal da Organização) para nos dar cobertura enquanto recuávamos em direcção  ao portal.

Do outro lado tivemos apenas alguns momentos de descanso. De entre o fumo, que também atravessara o portal, saíram as Bruxas da Noite.

– Alerta, alerta! – gritou Almeida, tentando chamar a atenção de todos os seus homens presentes no local.

Todas as armas se voltaram para as bruxas, mas as balas continuavam a não ter qualquer efeito.

Algumas das figuras encapuçadas começaram a lançar bolas de chamas ou relâmpagos sobre os nossos homens, enquanto as restantes voaram sobre as zonas assinaladas como contendo um portal.

Incapazes de responder aos ataques, os homens da fundação começaram a correr em todas as direcções. Não me envergonho de dizer que me juntei a eles.

Após uns quinze minutos, uma das criaturas baixou e ficou a pairar junto a Almeida. Eu encontrava-me algo distante, mas ainda assim ouvi-a dizer:

– Que vos sirva de lição. Deixem de interferir nos nossos assuntos.

Depois, juntou-se ás suas companheiras e voaram todas em direcção a noroeste.

Após o ataque, ninguém sabia muito bem o que fazer. Depois de uma rápida inspecção, descobrimos que havia cerca de vinte mortos e uns cinquenta feridos. Almeida pediu apoio médico de imediato. Tinha agora um problema grave entre mãos: como esconder, especialmente da família das vítimas, o que ali tinha acontecido.

Eu voltei para casa, pensando em quantas vítimas as Bruxas da Noite já haviam feito em perseguição dos seus objectivos, dos quais não sabiamos nada.

Uma outra consequência do ataque só foi descoberta dias mais tarde, quando a Organização tentou retomar as operações no acampamento abandonado pelas forças das Bruxas da Noite: os portais haviam desaparecido. A forma mais directa que tínhamos de investigar as criaturas já não existia. Como iríamos agora impedir que os seus planos continuassem a ter os seus nefastos efeitos secundários?

As Bruxas da Noite Contra-atacam – parte 1

Mais uma vez, encontrei-me no acampamento abandonado das Bruxas da Noite com Almeida e vários dos seus homens. Na altura não o sabia, mas iria ser a última vez.

Como havíamos feito dezenas de vezes antes, atravessámos um dos portais invisíveis. Quando chegámos ao outro lado, estávamos entre as ruínas de um grande castelo. Reconheci-o imediatamente como o castelo de Castro Laboreiro.

Para além da muralha, a velha fortificação não tinha nenhuma estrutura ainda de pé, apenas restos de paredes e sinais de alicerces. Como tal, a nossa inspecção foi rápida. Não encontrámos nem sinal das Bruxas da Noite ou das criaturas que as serviam. Assumindo que aquela era mais uma das muitas expedições infrutíferas que realizamos através dos portais, preparámo-nos para regressar.

De repente, ouvimos um estrondo. Como o céu estava coberto de nuvens negras, assumimos que era apenas trovoada. Contudo, segundos depois, uma esfera verde flamejante caiu com uma explosão junto de nós. Eu, Almeida e alguns dos guardas conseguimos mergulhar para trás de algumas ruínas e saímos incólumes, mas três outros homens ficaram gravemente queimados. Enquanto corríamos para os ajudar, começámos a ouvir gargalhadas distantes que se aproximavam.

Das nuvens, montadas nas suas vassouras, saíram as formas encapuçadas das sete Bruxas da Noite. Baixaram rapidamente e começaram a voar em círculos logo acima das nossas cabeças.

– Foram avisados mais de uma vez – disse uma.

– Está na hora de pagarem por não nos terem dado ouvidos – continuou outra.