De súbito, ouvi movimento na vegetação atrás de mim. Não me mexi e comecei a respirar lentamente, na esperança que a escuridão da noite me escondesse. Resultou.
A menos de um metro de onde me encontrava, passou uma criatura enorme, com mais do dobro do tamanho de um homem. Só lhe podia chamar de gigante. Felizmente, não me viu. Nem ele, nem as dezenas de outros seres de todos os tamanhos e formas que passaram por mim essa noite.
Sozinhos ou em grupos, saíam da floresta para a clareira e desciam até ao fundo do lago, agora seco. Nunca cheguei a descobrir ao certo o que lá se encontrava, mas sempre imaginei que fosse um túnel ou, talvez, algum tipo de portal mágico.
Tinha agora a certeza que aquelas eram as Bruxas da Noite. Estavam a reunir o seu exército para a guerra de que tinha ouvido rumores. Agora são certezas.
Assim que a última das criaturas desapareceu no lago, as bruxas desfizeram, finalmente, as suas poses, e a água voltou a encher o leito, caindo dos céus com um estrondo que se assemelhava ao das ondas de um mar tempestuoso.
Não fiquei para ver o que se passou a seguir. Saltei o muro de volta ao cemitério, enfiei-me no carro e conduzi o mais rápido que pude até ao Bar das Fadas.